Descrição
Wasthavastahunn condensa 60 anos de trabalho de Fernando Duval e será fonte permanente para pesquisas da capologia e seus inevitáveis desdobramentos. Contudo, também poderá ser lido como um longo e tenebroso romance de um quase irmão literário do autor de Gulliver, Jonathan Swift. Um romance inteiriço mas igualmente fragmentado em pequenas novelas e crônicas que se entrelaçam em linhas infinitas, intercambiáveis e desmontáveis. O sopro criador de Fernando Duval lida, em cada verbete, com essa multiplicação de dados, entre mapas, plantas, gentes, manias, descobertas, crenças e destinos. Destino por destino, em qualquer tempo e lugar, aqui e além somos pouco e às vezes muito semelhantes aos seres deste universo. Quem saberá? A dúvida é a maior certeza da capologia wasthiana, uma vez que nesse continente quase tudo é aleatório, do humor ao saboroso sarcasmo que se conjugam no extraordinário da proposta. Um povo com as suas leis e características hesiguais, se assim se mostrar possível de ver ou imaginar. E imaginação é o que não falta a este inventor de paisagens um tanto distópicas e impiedoso desenhista de personagens exóticos. Sim, um povo francamente real, se existir… e embalado por hábitos tão parecidos com os nossos e, no entanto, tão diferentes – seja como for, pouco ou nada exemplares. Neste ponto, Fernando Duval parece concordar com Paul Léautaud: “A única fé que me resta, e ainda! é a fé nos dicionários”.
André Seffrin
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