Descrição
Os sobreviventes, cujas histórias apresentamos em Sobre Viver 2, concordaram em prestar o seu testemunho, a fim de colaborar com a preservação da memória da Shoah e para que nunca mais se repita a tragédia do Holocausto.
As entrevistas, aqui apresentadas, integram a pesquisa “Revisionismo e negacionismo histórico: efeitos na memória social de sobreviventes do Holocausto e seus descendentes”, que realizei, durante o meu Pós-Doutoramento em Memória Social, junto à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), e foram coletadas entre os anos de 2016 e 2019, no Rio de Janeiro, cidade de residência dos depoentes.
Assim como as publicadas em Sobre Viver (1ª ed. Relume-Dumará, 2006; 2ª ed. Mauad, 2022), as entrevistas foram elaboradas nos moldes de investigação de história oral, mais especificamente das histórias de vida, em que coletamos dados, desde as memórias de infância até os dias atuais, conferindo especial atenção ao assunto específico pesquisado. As entrevistas foram por mim elaboradas, gravadas em áudio, transcritas e, por fim, revisadas junto a cada depoente.
Em Sobre Viver 2, além da história da sobrevivência antes, durante e depois do Holocausto e a vinda para o Brasil, investigamos também o impacto do revisionismo e negacionismo histórico do Holocausto nos entrevistados. O negacionismo histórico nega a existência do fato em questão; o revisionismo diz que o fato não aconteceu na proporção em que as vítimas relatam. Ambas as correntes questionam a veracidade dos relatos das vítimas e vêm ganhando espaço, quanto mais o tempo avança e nos distancia do trágico período de 1933-1945, quando o nazismo vigorou em vários países da Europa.
Durante a pesquisa, procurei investigar como se sente uma pessoa que tem a sua história negada, adulterada ou deturpada por outrem? Acaso as expressões revisionistas e negacionistas geram novos traumas nos sobreviventes?
As respostas indicam que não. No entanto, reações de indignação, revolta, raiva, sim, se fazem presentes. O fato das expressões deturpadoras da história do Holocausto se darem longe das regiões onde residem hoje, nas quais, ao contrário, os sobreviventes se sentem respeitados, integrados e seguros, contribui para que as expressões negacionistas e revisionistas não gerem novos traumas.
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