Descrição
Este livro deriva da tese defendida por Alexandre Ribeiro Neto no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2015. Sua aprovação culminou um processo iniciado cinco anos antes, na seleção para o curso de doutorado, quando Alexandre contagiou a banca com seu entusiasmo por seu projeto de pesquisa. Ele propunha estudar a exploração de crianças negras contratadas por Soldada e supostamente afastadas do processo de escolarização em Vassouras, entre 1889 e 1930, lidando com fontes ainda não analisadas, que o permitiriam rediscutir a invisibilidade delas no universo escolar e nos segmentos sociais alfabetizados.
Na tese, como nesse livro, Alexandre usa como epígrafe do primeiro capítulo um trecho de “Um apólogo”, de Machado de Assis, no qual agulha e linha travam um tenso diálogo. A querela gira em torno da relevância de cada uma delas no coser. Contra a agulha, orgulhosa de si, que teima em desmerecer a linha, esta argumenta que cada qual tem sua missão e seu valor como parceiras na feitura de trajes. Se a agulha, com sua rigidez metálica e compleição ínfima, é fundamental para a costura, ao vencer o tecido e abrir o caminho para a linha, esta, por sua resistência e maleabilidade têxtil, também é indispensável, ao prender e bordar os panos, garantindo a existência de vestes e enfeites, suprindo necessidade e luxo humanos. A linha é, porém, mais afortunada, pois circula pelo mundo e até baila em festas, enquanto a agulha repousa na caixa de costura.
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