Descrição
O homo esportivus, sujeito da história, parece sucumbir nas arenas do totalitarismo capitalista. Mesmo quando se abre mão do jogo, a essência desportiva, e ainda, cometer um pecado sem remissão: abrir mão do humanismo.
Neste contexto contraditório, não há espaço para o jogo, para o lúdico, para o fair-play. Todavia há que haver a resistência pela derradeira bandeira do desporto.
Como nos ensinou Heráclito: “viver de morte e morrer de vida”. O humanismo pressupõe portanto, a dialética entre a razão e sonho, a construção e a continuidade. É preciso resistir a essa espécie de diáspora dos valores esportivos, cuja gênese está na ludicidade como essência humana e, portanto, é um direito fundamental.
Como nos ensinou François L’Yvonnet: “Não somos apenas “sapiens”, seres que sabemos e sabemos que sabemos; “economicus”, cujo interesse está circunscrito a um sentido axiológico pessoal, “faber”, que fabrica seus conceitos e realidades alegóricas. Somos inexoravelmente “demens”, posto que somos os únicos seres capazes de imaginar, inventar e matar por prazer, e somos antes, e além de tudo, “ludicus” já que nossa capacidade transcendente nos leva a exaltação, diversão e desgaste.
É preciso que o desporto permita contemplar toda esta indissociabilidade que só o homem, por sua natureza concerne. Caso contrário, continuaremos a repetir crimes e pecados como rumo constante: a inventar e reinventar deuses que nos absolvam de nossas próprias culpas.
Angelo Vargas