Descrição
Este livro tornou-se um testemunho valioso, não pelo autor, por óbvio, mas pelo resgate histórico hoje avaliado.
Desde o seu lançamento, nos idos dos anos 70, pelo Grupo O PASQUIM, explode em vendas e reverte a imagem até então dominante de que os povos originários “eram exóticos, tinham várias mulheres, não serviam como mão de obra, e podiam até comer carne humana”. Já em 1951, levados pelo general Rondon, amigo de verdade dessas nações, um grupo formado pelos irmãos Villas Boas – Orlando e Cláudio – Noel Nutels, Gama Malcher e Darcy Ribeiro pede a Getúlio Vargas, presidente do Brasil, que crie um parque nacional dos Índios.
Nossos Índios Nossos Mortos, em sua 7ª edição, após de ter alcançado a marca de mais de 350 mil exemplares, e quase 50 anos não editado, finalmente é relançado pela editora Letra Capital.
Sua importância recai na tribuna, na voz, na oportunidade de fala que pela primeira vez acontece na narrativa de suas tragédias, contada por eles mesmos. Quem o fazia antes eram os antropólogos, etnólogos, estudiosos, sertanistas ou mesmo jornalistas. Os autores do livro são as populações originárias, de todo o país, de norte a Sul, de Leste a Oeste, mal dominando a língua da sociedade abrangente, ignorando inteiramente o chamado mundo civilizado, exceto sua crueldade, perplexos, iniciando uma longa caminhada de aprendizagem. Os cientistas, pesquisadores, sertanistas estão presentes, mas apenas complementam, quando podem, o discurso sofrido e épico desses povos. O livro conta, pela voz deles, a perplexidade dessas nações originárias, o desencanto e a certeza de condenados a desaparecer.
Nada foi adocicado, paternalizado, revisado, copidescado. Inclusive a própria linguagem da época que os classificava como primitivos.
Os depoimentos são redundantes, mal formulados, e explicitam os sinais da subjugação final, iminente. E, no entanto, decorridos 50 anos ganharam cidadania, têm um ministério, dirigem a Funai, parques nacionais, estão na Academia, não precisam mais de “civilizados” para requerer seus direitos. O que não quer dizer que a exclusão cessou, a invasão de suas terras acabou, que finalmente são legitimados pelo estado e pela sociedade brasileira. Nestes últimos 50 anos o mundo mudou mais, garante a ciência, que nos últimos 12 mil anos de civilização.
É possível.
Os povos originários, apesar de não poucos inimigos, apesar do extermínio histórico, apesar de governos estúpidos, sobreviveram.
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