Retalhos do quase nada

“Intocável, desconcertante. Como é que se pode, através das letras, das palavras impressas, ser assim tão claro e misterioso, tão emocionante, tão atrevido a ponto de revelar todas as cores da alma humana? É ler para crer. Ler, no caso, é entrar de verdade na alma do autor, no seu âmago e sentir o mesmo que ele sente, é desvendar a sua inquietude, o seu amor, o seu respeito e o seu desrespeito, o seu deslumbramento na vida e pela vida. Como é possível que alguém mexa assim com a gente, nos emocione tanto, nos revele tantos sentimentos antes insondáveis? Que mistério é esse em que a escrita desaparece na nossa frente para dar lugar à alma do autor que surge para penetrar na nossa?”