O discurso dos filósofos sobre o sexo feminino não costuma ser muito lisonjeiro. Em geral, ao se ocuparem dessa questão, procuram “demonstrar” a inferioridade da mulher, invocando uma hierarquia presumida como natural.
Investigar a tradição filosófica a partir de uma perspectiva de gênero é uma tarefa especialmente promissora. Primeiramente porque, por meio desse enfoque, é possível desconstruir argumentos elaborados com base em premissas tendenciosas, criadas com o objetivo de apoiar e tornar legítimas situações injustas de domínio. Além disso, esse olhar crítico é capaz de revelar contradições inerentes aos próprios sistemas filosóficos que se autoproclamam universais. Nesse sentido, o termo homem empregado por notáveis pensadores não tem o sentido neutro, habitualmente utilizado para designar a espécie humana, mas refere-se exclusivamente ao sexo masculino.
Os discursos sexistas contemporâneos que buscam naturalizar uma suposta diferença/inferioridade das mulheres desempenham a mesma função do passado: justificar desigualdades que se perpetuam, fazendo-as parecer imutáveis, inevitáveis, justas, portanto.
A abordagem crítica de cunho feminista da professora Maria da Penha Felicio dos Santos de Carvalho revela discriminações implícitas, abalando posições ditas igualitárias, aparentemente blindadas contra análises que possam evidenciar posturas excludentes.
Sobre a autora
Professora universitária. Mestra em Filosofia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica. Doutora em Filosofia, na área de Ética, pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Membro do Grupo de Trabalho Ética e Cidadania da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF). Orientadora de dissertações de mestrado e de teses de doutorado. Pesquisadora sobre os seguintes temas: o lugar da mulher e do feminismo na Filosofia, gênero e feminismo. Autora de diversos estudos apresentados em encontros acadêmicos e em congressos nacionais e internacionais e/ou publicados em livros e periódicos.
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