As muitas Amazônias do nosso imaginário de cada dia.
Quando se pensa em Amazônia, imediatamente, a imagem que se tem é a da maior floresta do mundo conjugada à imagem do mistério, das culturas indígenas, dos seringueiros ou garimpeiros e do El Dorado. As muitas narrativas sobre essa região dão conta da existência de muitas riquezas e tesouros por ali escondidos, o que tem gerado uma ideia de uma Amazônia quase que homogênea.
Entretanto, o que conhecemos por Amazônia engloba uma série de Estados ao Norte do país, sendo que, no contexto da Amazônia legal, estados do Centro Oeste e parte do Maranhão se unem a essa região. Quando vamos mais além, nos deparamos com a Pan Amazônia, formada pelos países que também possuem um bioma amazônico. Com isso, podemos constatar a coexistência de uma diversidade de fronteiras e culturas, sendo que as Universidades e Institutos de pesquisa da região têm, sistematicamente, realizado importantes reflexões acerca dessa multiplicidade, evidenciando e divulgando a importância da região, sem dualismos ou interpretações estreitas e/ou deterministas.
Nesse sentido, o livro FIGURAÇÕES DAS AMAZÔNIAS EM MILTON HATOUM E VARGAS LLOSA, de autoria de Ezilda Maciel da Silva, fruto de sua Dissertação de Mestrado em Letras, deslinda muitas das facetas da Amazônia. O trabalho de Ezilda Silva não teve por objetivo dar conta de toda a diversidade cultural da região, mas abrigá-la, contrastando-a, comparando-a, questionando fronteiras e limites de sua regionalidade, além de mostrar uma fatia desta construção/invenção em seus múltiplos aspectos, pela via da literatura comparada.
Ao trazer para o debate as Amazônias de Hatoum e de Vargas Llosa, a autora estabelece o confronto e as relações entre centros, margens e periferias, dentro e fora do âmbito do espaço regional amazônico, o que resultou em uma obra primorosa, que desloca o eixo da análise, colocando em xeque ideias já formadas sobre essa região, tornando possível a reflexão sobre as identidades híbridas, bem como uma compreensão mais alargada acerca dessas identidades, frente às estruturas globais e aos novos desenhos e espaços do periférico, das fronteiras e das culturas.
Avaliações
Não há avaliações ainda.