Descrição
Nossa coletânea é uma reflexão sobre uma práxis do Observatório Raça, Classe e Gênero Luiza Mahin, que foi criado em 2008, e está vinculado ao Grupo de Pesquisa Espaço Livre, com professores e estudantes de graduação e pós-graduação em Geografia da Universidade Federal da Bahia, moradores de bairros populares e tem como objetivos principais estudar os processos espaciais urbanos e os sujeitos sociais coletivos que participam da produção, do uso e planejamento do território e suas transformações. As principais temáticas desenvolvidas nas oficinas estão vinculadas aos conceitos de raça, de gênero e de classe, nos espaços concretos e simbólicos marcados pela história de Salvador, Bahia, Brasil. Fizemos uso de pesquisas quantitativas, que analisam os indicadores de desigualdades raciais, de gênero e classes sociais, baseados em fontes oficiais, especialmente o IBGE; e de pesquisas qualitativas para análise das percepções sobre estas temáticas, especialmente através dos movimentos sociais urbanos, visando estudar o cotidiano urbano, a segregação e exclusão socioeconômica e sociorraciais no desenvolvimento urbano e regional, com destaque para as áreas mais negras de Salvador: Subúrbio Ferroviário, “Miolo” e Cajazeiras.
Nesta publicação, que é resultado de um intenso trabalho coletivo do nosso Observatório, refletimos sobre o trabalho das oficinas de formação e plano popular de bairro realizados em Plataforma e Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, a partir de pesquisas apresentadas e analisadas durante este processo. Este trabalho de extensão universitária, está vinculado ao Grupo Espaço Livre/UFBA, e tem articulação de natureza dupla: acadêmica mas também popular. Buscamos uma intensa interação com a comunidade por compreender seu papel decisivo na promoção de mudanças. A formação de pesquisadoras e pesquisadores da área do Subúrbio Ferroviário juntamente com os movimentos sociais, devem promover o processo de forma a ampliar a domocracia no processo de luta pelo Direito à Cidade. Estas pesquisadoras tem aqui seus artigos que expressam um olhar de quem vive neste território.
Ao desenvolver pesquisa-ação que articule as categorias de análise sobre a condição de gênero, raça e classe no Subúrbio Ferroviário para verificar como estas dimensões se expressam dialeticamente na estrutura urbana, na vida de milhares de pessoas de diferentes gerações, o Observatório Luiza Mahin (OLM) traz para esta área da cidade questões fundamentais para estimular a conquista da igualdade na cidade, do direito à cidade na perspectiva dos conceitos e propostas por autoras e autores com os quais dialogamos e também pelos movimentos sociais e o Forum Social Mundial, que tem rebatimento nas lutas locais. Trata-se, portanto, de uma experiência acadêmica, técnica e política que pode contribuir com a elevação cultural e política dos bairros da periferia de Salvador, sobretudo do Subúrbio Ferroviário, rumo a um projeto popular-democrático para a cidade.
Os artigos aqui apresentados, por professores e participantes das oficinas da área, buscam refletir esta experiência com diferentes abordagens sobre as relações de gênero, simultaneamente com as diferenças de raça e suas relações com a diversidade de classes sociais. Com diferentes olhares, os artigos que compõem esta coletânea oferecem ao público uma reflexão sobre a relevância da questão urbana na contemporaneidade nas diferentes dimensões feitas por sujeitos sociais que constroem a cidade.
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