“Nossos Índios Nossos Mortos”
, escrito por Edilson Martins e reeditado 50 anos após sua publicação original, vem recebendo destaque em veículos nacionais e internacionais. O jornal Metrópole, referência em credibilidade, incluiu o livro entre os 12 títulos essenciais para este fim de ano. O prestigiado Le Monde Diplomatique, do grupo Le Monde, dedicou páginas amplas à obra, um gesto raro, concedido em 2024 apenas a nomes centrais da política externa brasileira.
Nesta semana, a revista Veja, maior semanal do país, elegeu Nossos Índios Nossos Mortos como um dos sete livros fundamentais para entender a COP30, conferência que reunirá, na Amazônia, especialistas e lideranças de todo o mundo para refletir sobre o presente e o futuro do planeta.
Nesse contexto, a obra de Edilson Martins ressurge com força renovada. Meio século após sua primeira edição, permanece atual e necessária ao revelar, com rigor e sensibilidade, a história de povos originários que, apesar de constantemente marginalizados, nunca contribuíram para as crises ambientais que hoje nos ameaçam. Vivem há milênios em relação sustentável com seus territórios e, ainda assim, seguem tendo suas vozes frequentemente silenciadas.
Teme-se que até mesmo na COP30, sendo realizada na própria Amazônia, seus saberes sejam recebidos de modo superficial, restritos a símbolos folclóricos da identidade nacional. Como lembrava o indigenista Cláudio Villas Bôas há mais de cinco décadas: “Houve avanços, mas continuam índios, e índios sempre serão.”
Hoje, as palavras ecoam com inquietante atualidade.
Que esta COP30 seja, finalmente, um espaço de escuta verdadeira, capaz de reconhecer a profundidade dos conhecimentos tradicionais e a urgência de proteger não apenas a floresta, mas também aqueles que sempre a defenderam.
Que, diante de tantos saberes reunidos, não persistam ouvidos moucos justamente para quem mais conhece a terra que buscamos salvar.